Os jornalistas têm um papel essencial na nova paisagem mediática como pilares de uma informação credível e contextualizada. E, uma vez que estão em competição com fontes de informação alternativas, não profissionais ou mesmo deliberadamente manipuladoras, é importante que os jornalistas se municiem de novas competências e ferramentas para fazer o seu trabalho. Entre as várias oportunidades que são abertas pelas tecnologias digitais, o processamento, análise e visualização de grandes quantidade de dados, assim como a cooperação entre diferentes setores ou nacionalidades abrem novas possibilidades de exercício das atividades jornalísticas e permitem novas formas de abordar as questões de interesse público. No entanto, este novo ambiente também envolve risco, quer do ponto de vista económico quer do ponto de vista técnico, e exige competências ao nível das tecnologias de informação assim como no que se refere ao desenvolvimento de novos modelos de negócio e novas estratégias por parte dos jornalistas e das empresas de média.
Neste contexto, os jornalistas enfrentam enfrentam vários desafios éticos e deontológicos que devem ser confrontados para que eles possam cumprir a sua função social. Aa notícias falsas e o discurso de ódio tornaram-se temas de debate importantes na esfera pública, assim como o “whistleblowing” e o ativismo.
Ao promover a melhoria das competências de uma nova geração de jornalistas europeus, o NEWSREEL pretende contribuir para o reforço de uma esfera pública comum na Europa através da promoção de projetos de jornalismo colaborativos e transnacionais, que sejam capazes de tornar tangíveis e inteligíveis as grandes quantidades de dados disponíveis, e que se baseiem em estratégias comerciais sustentáveis e em sólidas fundações éticas e deontológicas.
Este projeto irá focar-se em 4 campos profissionais:
O jornalismo apoiado por computador (jornalismos de dados) e visualização de dados: O propósito, neste campo, é ajudar os jornalistas a reportarem histórias mais credíveis, sustentadas em informação mais precisa. Muitas vezes, mostrar os dados de uma forma visual pode revelar padrões e inferências que não seriam visíveis de outra forma. Desta forma, torna-se mais fácil ao público entender determinadas questões complexas.
Novas estratégias de negócio e novos modelos de jornalismo: A evolução económica e tecnológica trouxe também sérios riscos ao jornalismo. Em resultado da deterioração das formas tradicionais de monetização dos produtos e serviços de média, a sustentabilidade e estabilidade financeira do jornalismo de qualidade foi posta em causa; quanto mais incipiente for o mercado de média num país, mais alto é risco de que o jornalismo possa enfrentar problemas financeiros, com reflexos especialmente na qualidade do mesmo.
Jornalismo colaborativo: Usamos este termo com sentidos diferentes, mas relacionados entre si. Aplica-se ao trabalho de equipa através de vários países e cobrindo diferentes setores. O funcionamento em equipas transnacionais é um elemento central. O surgimento de investigações de âmbito transnacional pode promover a transparência dos processos de tomada de decisão europeus nos campos social, político e económico, assim como o controlo da execução das despesas do orçamento europeu, mas também, inclusive, os negócios particulares de âmbito europeu e até as atividades criminosas transnacionais. O jornalismo transnacional está numa excelente posição para sublinhar as melhores práticas em termos de livre circulação de bens, serviços, capital e pessoas (sejam trabalhadores, estudantes ou turistas). Por outro lado, a crescente complexidade dos projetos jornalísticos torna necessária a estreita colaboração entre peritos de vários campos, como os jornalistas, os jornalistas de dados, os especialistas em tecnologias de informação e os designers.
Desafios éticos derivados da esfera pública digital: A responsabilidade social dos jornalistas da esfera pública digital é mais do que nunca. Continuam a ter que fornecer informação credível sobre os temas de interesse público, mas cada vez mais têm que competir com uma quantidade enorme de informações amadoras e frequentemente incorretas. As tecnologias digitais permitem aos “whistleblowers” entregar informações sensíveis aos jornalistas sem revelarem a sua identidade. Os jornalistas enfrentam todos os das formas de comunicação agressivas dirigidas a determinados grupos sociais e políticos, mas também dirigidas ao seu próprio desempenho. Por isso, os jornalistas facilmente resvalam para o ativismo, afastando-se das posições de neutralidade e imparcialidade que tradicionalmente estão associadas à profissão.